29 de jun. de 2011

“Samba do Monte” faz homenagem a Jorge Ben no Dia dos Namorados

No domingo, dia 12 de Junho, o projeto contou com a presença do sambista Toinho Melodia e reverenciou a Velha-Guarda da escola de samba Camisa Verde e Branco. O grupo de Rap “Núcleo” ficou responsável por evocar a música de Jorge Ben Jor.

O Projeto Samba do Monte acontece todo 2° domingo do mês, homenageando sempre uma Velha-Guarda de Escolas de Samba de São Paulo e um sambista importante na contribuição do acervo desse gênero.

O show é realizado dentro da Associação Comunitária Monte Azul, que fica na Av. Tomás de Sousa, n° 552, Jardim Monte Azul, próximo ao Metrô  Giovanni Gronchi (Linha 5 – Lilás) e o Terminal João Dias, na Zona Sul da Capital.

A festa se estende das 14 às 21hs, aproximadamente, e a entrada custa 2,00 Reais por pessoa. (Continue lendo a reportagem completa)


Projeto é resultado de grandes parcerias

O Samba do Monte existe desde 12 de Outubro de 2008, mas antes disso, a comunidade já se aglomerava nas ruas em comemoração ao carnaval e as festas de fim de ano, cantando os sambas-enredos. Segundo Aparecida Vieira, de 31 anos, essas festas costumavam ser muito animadas, mas, pela falta de organização, tornavam-se mais vulneráveis à violência. 

Aparecida, que é uma das colaboradoras para a realização do evento, conta ainda que, a idéia de montar uma ‘roda de samba’ foi de Jaime Lopes. O ‘Diko’, como é chamado por todos, freqüentava projetos como o “Samba da Vela” e o “Samba da Laje”, ambos localizados na Zona Sul de São Paulo, e resolveu trazer algo parecido para a sua própria comunidade.

Diko levou o sambista Ailton Vieira, integrante da Velha-Guarda da Tom Maior e morador do Jardim Monte Azul, para conhecer essas rodas de samba com a finalidade de convencê-lo a mergulhar na idéia. Não precisou muito. Ailton Vieira, que é pai de Aparecida Vieira, topou na hora e ao lado de Diko, amigos e familiares que vivem na comunidade, conseguiram concretizar o Samba do Monte.

Ailton Vieira, de 58 anos, disse que o primeiro passo foi encontrar um lugar onde pudessem realizar o evento. Ele e Diko conseguiram a ajuda da Associação Comunitária Monte Azul, organização não governamental que realiza projetos culturais e de desenvolvimento humano na comunidade há 30 anos. A ONG disponibilizou o pátio de sua sede para a realização do Samba, inaugurando assim, uma forte parceria.

Aparecida explicou que a primeira providência depois de cedido o espaço, foi disponibilizar uma infra-estrutura segura para os futuros freqüentadores do Samba, contratando seguranças e bombeiros. Segundo seu pai, esses profissionais são pagos com o dinheiro da entrada, que custa 2,00 Reais por pessoa, e com o lucro dos produtos vendidos dentro do Samba.

Esse dinheiro também é utilizado para as despesas com equipamento de som e 5% do valor é doado para as oficinas de artes promovidas pela Associação que cedeu o espaço. O Samba do Monte promove ainda duas oficinas para a comunidade, a de Percussão e a de Dança-Afro. 

 “Os organizadores e músicos do Samba do Monte não recebem valor algum por seu esforço. Fazemos um trabalho voluntário”, afirmou Ailton Vieira.

Samba é palco de encontros
Identidade vem à tona

O contador, Gilberto Lopes, de 54 anos, participou da festa no Dia dos Namorados. Lopes disse que vem ao Samba do Monte desde o início e que sempre está acompanhado de toda a família.
Lopes afirmou que o Projeto contribuiu para a maior união das pessoas da comunidade. “Quanto mais próximas, mais as pessoas começam a se ajudar, mesmo que seja com palavras ou até mesmo conhecimento”.

 Ele mesmo já pensou em passar seu aprendizado acadêmico lecionando administração para os jovens da comunidade, voluntariamente. Ainda não o fez porque, segundo ele, essas pessoas precisam de um conhecimento prévio para que possam absorver esse conteúdo da melhor maneira. “A realização dessa idéia é uma questão de tempo e aceitação da comunidade”, finalizou.

Duas horas depois dessa entrevista, a Roda de Samba já estava lotada, tanto em cima do palco como em baixo. Ao som dos versos de Adilson Bispo e Zé Roberto no samba “Conselho” (Deixe de lado esse baixo astral / Erga a cabeça enfrente o mal) dava pra ver gente muito diferente entre si.

Em meio ao caldeirão de pessoas estava o músico Alexandre Corazza, de 33 anos. O ‘Rato’, como prefere ser chamado, disse que esta era a primeira vez que vinha ao Samba do Monte e que estava gostando muito da música, do espaço e das pessoas.

Rato é vocalista do grupo de Rap Núcleo, que fez uma homenagem ao ídolo da noite, Jorge Ben Jor. Quando perguntado sobre qual relação vê entre o samba e o Rap, disse: “O samba e o Rap têm a mesma origem, surgiram nas periferias. Além disso, os dois são feitos do povo para o povo”.

O grupo Núcleo mostrou que Samba e Rap realmente têm muito em comum. Os versos contundentes de Rap eram incorporados às canções de Ben Jor, misturando os dois gêneros musicais.

Assistindo a apresentação com entusiasmo estava a estudante de música, Suzana Soares, de 21 anos. Suzana disse que planeja levar a idéia para a sua comunidade no Capão Redondo e que busca os mesmos objetivos do fundador do Samba do Monte, Jaime Lopes (o ‘Diko): “Resgatar o samba de raiz, trazer alegria para a comunidade e unir ainda mais essa grande família”.

Por Everton Dantas.

Sites:
Blog Samba do Monte

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